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Dia das Mães: Musicalidade que Une Gerações

Maio sempre foi especial. Para mim, não apenas por ser o mês das mães, mas por me lembrar o quanto a maternidade transformou minha vida, principalmente no momento em que a música também passou a ser um elo indissociável entre mim e minha filha, Duda.


Fascínio à primeira vista


Nossa história musical juntas começou de maneira inusitada e mágica. Em um ensaio geral que eu regia, Duda – na época com apenas quatro anos – me acompanhou ao palco. Como mãe-maestra apaixonada, fui mostrando a ela um a um os instrumentos da orquestra, na esperança de que algum deles despertasse sua curiosidade. Mas foi o contrabaixo, imponente, muito maior do que ela mesma, que fascinou aquela menininha. Seus olhos brilharam, e ali nasceu um amor à primeira vista: do palco para o coração. Desde então, Duda nunca mais quis saber de outro instrumento.


Demonstrou uma persistência admirável – característica que, acredito, herdou de mim.

Minha trajetória profissional foi marcada por muitos obstáculos e desafios. Superá-los exigiu coragem e resiliência, e espero que esse exemplo tenha mostrado à minha filha que sonhos grandes só se realizam com dedicação, trabalho e amor. Não me orgulho das dificuldades, mas me orgulho de ter conseguido vencê-las. E acredito que, nesse ponto, também sirvo de inspiração para ela.



Palavra da Duda


"Não é simples conviver com uma mãe maestra e compositora! Quando estou estudando e ela está em casa, não consigo desconectar do fato de que ela está ouvindo. Se eu toco muito desafinado, não dura cinco minutos para ouvir sua voz: ‘Dudaaaaa, afina!’ Às vezes dá vontade de rir, mas eu sei que ela só quer o meu melhor.

Ao mesmo tempo, fico cheia de orgulho ao ver ela compondo – de repente, no meio do almoço, ela larga tudo e vai correndo escrever uma ideia musical nova. Meus colegas da escola também admiram muito ela. E fico toda orgulhosa de contar que músicas que eles tocaram, como a Cantata, foram escritas pela minha mãe!.


No palco, nos concertos em que toco sob a regência dela, sou a única que pode chamá-la de mãe durante os ensaios – todos os outros chamam de maestra. Isso é muito legal e engraçado. Eu vejo a minha mãe como alguém que me inspira, que está sempre me apoiando, mesmo que a gente não tenha sempre as mesmas opiniões. Por exemplo, se dependesse dela, eu nunca teria tocado contrabaixo! Mas hoje ela sempre diz que foi o melhor instrumento que eu poderia ter escolhido, e que aprendeu a amar de verdade."



Sonhos entrelaçados


Duda cresceu e se tornou um dos maiores talentos do contrabaixo de sua geração, já conquistando prêmios internacionais – vitórias que me enchem de alegria e orgulho. Em 2023, celebramos juntas um marco emocionante: subimos ao palco no Rio de Janeiro, eu regendo e ela como solista. Uma experiência única que ficará para sempre gravada no nosso coração, como símbolo da nossa cumplicidade musical e afetiva.


Nossa parceria floresce em novos projetos: estamos programando nosso primeiro álbum conjunto – Photosynthesis, a ser lançado em julho. O disco reunirá obras permeadas por afeto, incluindo composições minhas especialmente para a Duda, como as inéditas “Variações sobre um Tema Brasileiro”, além da “Sonatina” de Ernst Mahle criada para ela, e arranjos que fiz pensando no contrabaixo graças à inspiração da minha filha. Vejo na Duda uma fonte contínua de novas ideias; muitas vezes, escrever ou transcrever músicas brasileiras, de Villa-Lobos a compositoras contemporâneas, é uma forma de homenageá-la.


Neste mês das mães, além das gravações do álbum, teremos também um concerto mãe e filha, onde Duda será a moderadora da apresentação. É emocionante e divertido dividir o palco e o cotidiano musical com ela. Confesso que sempre sonhei compartilhar momentos assim – e celebrar nossa amizade e respeito mútuo no palco é um presente que a maternidade me deu.


Homenagens, inspirações e legado



Com o álbum Women and the Double Bass, lançado recentemente em sua homenagem, tocado por Duda, por mim e por sua primeira professora, Helen Buchbach, celebramos as mulheres da música e toda a trajetória que percorremos juntas. Ver minha filha avançando, hoje aluna do professor Stephan Petzold no Gymnasium Carl Phillip Emmanuel Bach, me traz orgulho e serenidade.


Mas, acima de tudo, o que mais me alegra é saber que nossa relação é sustentada por uma amizade genuína, cheia de respeito e amor – algo raro e precioso, especialmente entre mães e filhas adolescentes.



Um convite para compartilhar emoções


Convido todos vocês para nos acompanhar nessa jornada, seja nos concertos, nas gravações, ou por aqui, no blog. Cada música, cada projeto, cada partitura representa não só nossas realizações artísticas, mas também a profunda ligação entre mãe e filha; entre aprendiz e mestra (e vice-versa!), e, acima de tudo, entre duas grandes amigas.

Que maio traga a todas as mães momentos de afeto, inspiração e novas descobertas – como trouxe para mim.


Acompanhe nossos concertos e o lançamento do álbum Photosynthesis em julho!


Mais informações em: www.andreabotelho.com


Feliz Dia das Mães!


 
 
 

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